Durante intermináveis dias e noites, os dois percorrem juntos mundos ora reais, ora fantasiosos. O casal idoso caminha numa corda bamba, balançando entre o ontem e o hoje, e sem saber como será o amanhã. Júlia chora, mas sabe que precisa aceitar esta terrível realidade: Tadeu tem Alzheimer. Se em alguns dias ele se lembra da família e de todos os anos juntos, noutros a doença traga-o para um buraco negro esvaziado do seu ser.
Porém, justamente num destes dias em que Tadeu não sabe em que cama acordou, Júlia ganha um inesperado presente. Ela está a limpar a casa, quando encontra a seguinte carta escondida na mesinha de cabeceira:
"Querida Júlia:
Eu estou a escrever-te agora, enquanto dormes, caso amanhã não seja eu que acorde ao teu lado.
Nestas viagens de ida e volta, eu passo cada vez mais tempo do outro lado, e numa delas, quem sabe? Eu temo que não regresse.
Caso amanhã eu não seja capaz de saber o que está a acontecer comigo. Caso amanhã eu não possa mais dizer-te o quanto eu aprecio e admiro a tua integridade, este teu empenho em estar ao meu lado, tentando fazer-me feliz, apesar de tudo, como de costume.
Caso amanhã eu não tenha mais consciência do que fazes. Quando colocas pedaçinhos de papel na porta para que eu não confunda a cozinha com a casa-de-banho; quando consegues fazer-me rir por ter colocado os sapatos sem meias; quando insistes em continuar a conversa mesmo que eu me perca a cada frase; quando te aproximas disfarçadamente e sussurras no meu ouvido o nome de um dos nossos netos; quando reages com ternura aos meus ataques esporádicos de ira, como se algo dentro de mim se rebelasse contra este destino que me tem como prisioneiro.
Por essas e por tantas outras coisas. Caso amanhã eu não me lembre mais do teu nome, nem do meu.
Caso amanhã eu não possa dizer obrigado.
Caso amanhã, Júlia, eu não seja capaz de dizer, ainda que uma última vez, EU AMO-TE.
Sempre teu.
T.A.M.R "
É quase impossível ler estas palavras sem deixar escapar pelo menos uma lágrima. Esta carta é uma linda prova de amor, apesar da tristeza e do esquecimento trazidos pela doença. Aos familiares de alguém com Alzheimer, cabe continuar a lembrar quem é aquela pessoa, mesmo que ela mesma já não o saiba.
Porém, não apenas os afectados por este problema deveriam seguir este caminho. Valorizar aqueles que estão perto de nós e nos amam é um exercício a ser feito todos os dias.
Se postergamos e esquecemos, de repente pode ser tarde demais. Partilha este artigo com a tua família e amigos. Aproveita a oportunidade para dizer o quanto eles são importantes! Vida longa ao amor!
Fonte: nolocreo.co
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